Oralidade


Tradição Oral

A tradição oral fundamenta a identidade cultural de um povo, dado que é a preservação de histórias, lendas, usos e costumes através da fala. Também o folclore constitui fonte de riquezas para a tradição oral.
Em São Brás de Alportel ainda se preserva muitos contos, histórias, lendas... que passaram de geração em geração. Pode dizer-se que a oralidade é muito importante na história do Homem.
Os contos, lendas, quadras, receitas, mezinhas que a seguir apresentamos são testemunho vivo dessa oralidade que atravessou as gerações e que ainda perdura na memória das pessoas com as quais falámos e que nos deram a conhecer este património oral riquíssimo e desconhecido por nós.


Contos

Os contos populares são parte integrante da cultura e da tradição oral de um povo. Eles reflectem os mais variados sentimentos da alma desse povo, os seus hábitos, usos, costumes, vícios e índole. Frequentemente confundido com outros conceitos, como por exemplo, a lenda ou o mito, o conto é um texto narrativo curto, geralmente ficcionado ou de conteúdo presumivelmente verídico. É um texto de origem anónima que procura deleitar, entreter ou educar o ouvinte.
Embora o conto seja hoje uma forma literária reconhecida e utilizada por inúmeros escritores, a sua origem é humilde. Começou por ser um relato simples e despretensioso de situações imaginárias, destinado a ocupar os momentos de lazer. As limitações da memória impõem que a "história" seja curta. Essas mesmas circunstâncias determinam a limitação do número de personagens, a redução e imprecisão das referências espaciais e temporais, bem como a simplificação da acção.


“O soldado e a tabernêra”

"Um soldado andava já munto aborrecido com a sua vida e nisto, calhou ir comer al’ma coisa, numa taberna. A mulher cosë-le uma dúiza d’ovos. O soldado comë os ovos, maj poz-se a jogar à carta com o diabo e demorô-se munto e só atão é que foi pagar os ovos à mulher.
A mulher como já tinha passado munto tampo desd’aquele dia, disse-le: « ― Se vocêï pagasse logo os ovos q’ando os comeu, era tanto….; assim, como vocêï não pagô logo, agora é tanto…, porque ë, se vocêï nã comesse, tinha dêtado uma galinha e tinhom saído tantos pintos, q’antos os ovos; e os pintos, tornados galinhas, valeriam munto denhêro».
O soldado nã quiz pagar e forom p’ra juíz. O soldado chamô o diabo p’r’ô defander; maj o diabo demorô, demorô munto tampo e q’ando veiu, prèguntô-le o juíz, zangado, porque tinha sido tanta demora. O diabo respondë que tinha andado a torrar favas p’ra samear. Atão o juíz disse: « ― ¿atão favas torradas nacem?!» E o diabo disse logo: « ―  ¿atão ovos cosidos tirom pintos?!
O juíz poz logo o soldado em lebardade."

Louro, Estanco; pág. 329 (1996)


 “O comprador e o vendedor”

"Era uma vez um home que tinha 30 chebatos e quiz vande-los. Veiu um comprador e dë por êles, 30 moedas; vei ôtro comprador e dë-le outras 30 moedas e aínda vei ôtro que le deu ôtras 30 moedas.
Lá foram todos p’r’ô juíz que disse ô vandedor: « ― V.cêi, q’ando êles cá vierem diga: anh». Êle fez isto, q’ando vierom os compradores. Maj q’ando o juíz le pedi’as 45 libras, p’lo së trabalho, ele disse logo ― anh e assim le pagou."

Louro, Estanco; pág. 329 (1996)


"Dois Compadres"

Aconteceu em São Brás de Alportel na feira do pau-roxo, dois compadres que se encontraram um era rico e o outro era pobre:
- Ó compadre, você veio à feira?
- Pois eu também vim?

O rico diz ao pobre:
- Fez bem em vir, para ajudar a fazer a feira, e você pode-me fazer um favor?
Podia-me emprestar mil escudos, queria comprar uma vaca. E o compadre foi a casa buscar os mil escudos pois morava ali perto.
Veio e trouxe o dinheiro ao compadre com a condição de ele no outro dia lhe devolver o dinheiro, porque também tinha comprado uma vaca e vinha buscá- la no outro dia e precisava do dinheiro.
O compadre rico disse que sim – Amanhã devolvo-lhe o dinheiro.
E combinaram encontrar-se num lugar escolhido pelos dois para o compadre rico devolver o dinheiro ao pobre. No outro dia, o compadre pobre foi ao lugar combinado e esperou o dia todo, e o compadre rico não apareceu. O compadre pobre resolveu ir a casa do rico saber o que se tinha passado e porquê que ele não tinha ido entregar-lhe os mil escudos.
- Então compadre que lhe aconteceu? Esperei por si o dia todo?
- Esperou por mim porquê?
- Então, para me ir levar os mil escudos que eu lhe emprestei ontem.
- Você emprestou-me ontem, mas o compadre não me emprestou dinheiro nenhum.
- Emprestei sim, ontem, lá na feira para o compadre comprar uma vaca.
- Não emprestou não, eu nem fui à feira ontem.
- Não diga isso compadre, então ontem lá na feira pediu-me mil escudos.
- Não pedi nada, e vá-se já embora e tenha uma boa tarde.
- Tarde boa foi a sua tarde de ontem à tarde, tomara eu ter uma tarde tão boa como a sua tarde de ontem à tarde.

Fonte: Foi o Senhor Manuel Cavalaria que tem 92 anos que contou esta história que aconteceu em São Brás de Alportel em 1940


Lendas

A lenda é um tipo de narrativa que se transmite oralmente através dos tempos. As lendas misturam factos reais e histórias, o que lhes confere um carácter fantástico e/ou fictício. Em todo o mundo as lendas dão explicações de certa forma aceitáveis para factos/acontecimentos para os quais não há explicações científicas. Devido a serem transmitidas oralmente de geração em geração alteram-se à medida que vão sendo contadas.


 A Mina da Tareja
Mina da Tareja
"Não se sabe de fonte segura quando foi iniciada a exploração da mina da Tareja, mas o Dr. Estanco Louro admite no seu livro de (Alportel) que os Fenícios desembarcaram em Ossónoba e vieram a S. Brás à procura das minas de cobre. Já mais tarde, no fim do século XIX, um grupo de homens de S. Brás recomeçou as escavações, mas teve de desistir porque começou a aparecer muita água. Como nesse tempo não havia bombas para tirar a água, a única maneira de bombear a mesma era com baldes, tornando-se impossível esgotar a grande quantidade que naquela zona existia, sendo por isso obrigados a terminar as escavações."

de Sousa Chaveca, Sebastião; pág: 9 (2005)


A Festa das Tochas
Procissão da "Aleluia."

A festa da Páscoa da Ressurreição é a mais antiga e a mais importante para os cristãos. Celebra a vitória de Cristo sobre a morte. É a festa de todas as festas, que se realiza no domingo de Páscoa. A festa evoluiu através dos tempos sendo celebrada em todas as comunidades cristãs, mas em dias diferentes de acordo com o seu calendário. O Concilio de Nicea (325) fixou a data mas nem todas as igrejas abdicaram das suas tradições. No Algarve, esta procissão popularizou-se no século XIX e, em 1674, o Bispo D. Francisco Barreto, nas Constituições Synodais do bispado do Algarve, determina, pela primeira vez, que no Dia da Ressurreição, pela manhã, se realize uma procissão «em memória da gloriosíssima ressurreição Christo Senhor nosso, levando-se nella o santíssimo Sacramento» (livro. III, cap. LIX, p. 311). As igrejas abdicaram das suas tradições e a procissão, só nos finais do século XVIII, é que se começou a generalizar e, no século seguinte, chegou a quase todas as paróquias Algarvias. Esta procissão, porque leva o Santíssimo Sacramento, rege-se pelas normas gerais da procissão do Corpus Christi. Todas as confrarias e irmandades tinham de se incorporar e levar as “tochas acesas” confeccionadas pelas confrarias. A falta de cera levou os irmãos a pintarem os paus de branco e a colocar no topo uma vela. Na vila de São Brás de Alportel a indústria da cera foi notória durante um curto período da sua prosperidade. As tochas eram enfeitadas com flores do meio para baixo e podiam levar fitas coloridas. A implantação da República procurou proibir o culto religioso fora dos templos. Só nos anos quarenta, do século XX, é que começou a reinar a paz e a liberdade.

Livro: Páscoa no Algarve, Procissão das Tochas Floridas, pág.6
Edição: Casa da Cultura António Bentes


Os Cachamorreiros

A 25 de Julho de 1596, os Ingleses entraram em Faro com uma força de 3.000 homens e, após terem saqueado a cidade, organizaram um forte destacamento e marcharam sobre S Brás. Ao chegarem encontraram os habitantes desprevenidos, sendo-lhes fácil roubar o que encontraram. Para além de saquearem, lançaram fogo à Igreja local, produzindo grande indignação entre os habitantes e levando a que os rapazes solteiros se unissem como um só homem e caíssem sobre os invasores, obrigando-os a bater em retirada. 1596 é a data mais gloriosa para os naturais desta povoação, e a palavra “Cachamorreiros” com que nos alcunharam parece que teve origem naquela data em consequência dos nossos ascendentes terem feito retirar à “cacheirada” a pirataria inglesa. Os rapazes solteiros, depois de saberem que Faro tinha sido saqueada, ficaram ainda mais contentes e pensaram fazer uma festa em que toda a população pudesse participar e eles pudessem cantar com toda a força dando largas à sua alegria. E assim começaram a cantar na procissão do Domingo de Páscoa “A Aleluia”. Criaram-se vários grupos para participar na procissão mas só podendo cantar um de cada vez e, no final da procissão, era nomeado o grupo que melhor tinha cantado ao longo da procissão. Os padres nunca apoiaram esta festa que diziam ser uma festa pagã, pois a maioria dos rapazes não era católica praticante, a procissão era muito barulhenta e consumia-se muita aguardente. Contudo o povo não acatava as ordens dos Padres e sempre se cantou. Quando era proibido, os homens não vinham para a porta da igreja para não serem vistos, mas quando a procissão vinha já na rua, apareciam com as suas tochas e começavam a cantar. Só há poucos anos é que a igreja começou, e muito bem, a colaborar na festa, e esta passou a estar melhor organizada, mais bonita e muito participada.

de Sousa Chaveca, Sebastião; pág: 10,11,12,13, (2005)


S. Brás de Alportel

“No sítio de Alportel, no largo da Venda-Nova, há uma cruz de pedra, inestética e já mutilada. A base é um paralelepípedo, formado por grossas lajes, e que tem mais ou menos 0,90m de comprimento por 0,70m de largura em ambas as faces. No meio dele está um orifício, onde se encravou a cruz, um monólito, com hastes quase iguais, de cêrca de 0,40m. A existência desta cruz – que deve datar do tempo do bom prelado, D. Francisco Gomes, e que, provavelmente, substituiu outra muito mais antiga, é o ponto de partida para a lenda que nos conta um interessante capricho da vida do glorioso S. Brás, da mesma forma que nos explica a etimologia da única freguesia alportelense. Quando se quis fundar a ermida de S. Brás de Alportel, foi naturalmente o sítio do Alportel (Venda Nova), o lugar para isso escolhido. O santo, porém, não gostava do lugar em que queriam edificar-lhe a morada eterna (…). Protestou, pois, como o faria uma jovem, perdida de amor: fugiu do Alportel para o lugar em que ora está S. Brás. Os velhos alportelenses procederam nesta emergência, como pai amantíssimo, indo buscar o santo para a casinha que lhe escolheram. Contudo, o santinho tornou a fugir e a lenda não diz quantas vezes se repetiu o facto. O que é verdade é que os alportelenses, vendo, naturalmente, que não levavam a melhor, apoquentados e quiçá pela reflexão de que o caso era irremediável, de que sempre era um santo e de que não era curial deixarem continuar com tal procedimento de vida errante e pródiga, o deixaram ficar no lugar que ora lhe pertence, com a simples condição de ser chamado de Alportel e o símbolo material de um calvário, perpetuando o facto.”
LOURO, Estanco; pág. 346 (1996)


O Monte do Trigo

“O «Monte do Trigo» fica entre os Juncais e as Fontainhas, no caminho de S. Brás para Querença, a cerca de 1 quilómetro para poente da estrada de Faro a Beja.
É um montículo que terá de cota, a partir da base, uns 6m e que medirá, em circunferência, uns 50 ou 40m. O morro é constituído por matérias vulcânicas que têm uma cor fortemente arroxeada. A consistência da rocha é pequena porque a desagregação superficial é relativamente fácil, em pequenos grãos, muito leves, que o vento e a chuva logo arrastam para a base.
“Ali próximo, habitava, antigamente, um lavrador muito rico. Era este homem feroz, intratável; não dava nada aos pobres e era tão soberbo que nem Deus – em quem, aliás, não acreditava – tinha qualquer temor.
Ora, num belo ano, colheu ele tanto trigo que teve de pôr num grande montão ao pé da eira. Naquelas alturas chegou-lhe à porta um pobrezinho a pedir-lhe qualquer coisa, pelo amor de Deus. O nosso mau lavrador, não deu nada ao pobre e ainda por cima irritou-se e blasfemou.
No outro dia, o montão de trigo estava reduzido a terra para sempre estéril – o actual «monte de trigo».”
LOURO, Estanco; pág. 347 (1996)


O Monte de Cevada

“É um montículo que está uns 100m a oeste do «monte do trigo». A estrutura é idêntica; a circunferência da base é um pouco menor; a altura será de uns 7m; a encosta ao contrário da do «monte do trigo», é lisa; no cimo há uma camada de terra de aluvião, um pouco arenosa, à mistura com calhaus rolados. O morro pareça assim um tronco de cone? O lavrador do montão de trigo tinha um irmão, em tudo semelhante a ele, que morava próximo. Este, porém, em vez de um montão de trigo, colheu um montão de cevada, que, um belo dia, se transformou em terra idêntica – o actual monte de cevada – também pela recusa de esmola e blasfémias. Não esmiúça a lenda se foi no mesmo ano e se o facto se deu com o mesmo pobre."
LOURO, Estanco; pág. 347 (1996)


Os achados de tesouros

“Anda na boca de toda a gente que, aqui e além, um ou outro indivíduo, mais ou menos endinheirado, achou um tesouro, em regra, uma panela cheia de moedas de ouro, ás vezes de prata, muitas vezes, de ouro e prata. O que é curioso é que tais achados se fazem apenas em lugares onde há memória de se terem encontrado vestígios de eras remotas, em geral, na abertura de caboucos ou outras escavações para a construção de várias obras.”
LOURO, Estanco; pág. 349 (1996)


O Cerro da Branca-Flor (vulgo “Lenda da Branca Flor”)

“É um pequeno cerro, perfeitamente arredondado no cimo, que fica a uma centena de metros da Cova, para noroeste. No cimo dele, à superfície, estão espalhados numerosos cacos de telha grossíssima; no leito da ribeira que lhe corre aos pés está uma mó, já mutilada, de um lagar de vara. Em frente espraia-se a vargem da corte, onde têm sido encontrados vestígios de gerações passadas, como dissemos já. Respira-se pois ali, a atmosfera do viver antigo, o que, de-certo, facilitou o aparecimento da lenda que é bem simples.
Uma princesa, chamada Branca-Flor, muito linda como o seu nome indica, mas ainda mais rica, gostou tanto de viver ali naquelas serras que ficou condenada para sempre a nunca mais de lá sair. Ainda hoje, por ali anda e continuará a andar até que algum dia alguém quebre o encantamento. O que é, é que se não sabe como ele se quebra.”
 LOURO, Estanco; pág. 349 (1996)


Mezinhas

As mezinhas são quase tão antigas como a existência da humanidade. Com condutas de vida precárias, os povos optavam por confeccionar pequenas receitas para poderem combater os problemas de saúde. A partir da conjugação de inúmeros alimentos, surgiam grandes remédios caseiros e que, tomados nas doses certas, faziam autênticos milagres. Além do seu consumo não obrigar a grandes deslocações nem a quantias exorbitantes de dinheiro, as mezinhas caseiras não provocavam qualquer tipo de efeito secundário. Hoje em dia, ainda são muitas as pessoas que recorrem às mezinhas caseiras para curar uma dor de cabeça, um constipado ou para problemas de asma, entre tantos outros.


Para a cura da icterícia

Antigamente para curar a icterícia, quando as crianças ficavam com esta doença faziam chá das fezes delas próprias, mas sem a criança saber. Apanhavam-nas e punham-nas a torrar em cima de uma chapa no fogo; depois de estarem torradas eram muito bem desfeitas. A seguir, numa chávena de água a ferver, deitavam 2 colheres daquele pó e ficava a repousar tapado durante duas horas. Passado esse tempo dava-se a beber à criança e ao fim de três a quatro dias, ela estava curada.


Para a cura da gripe

Chá das brasas: tiram-se duas ou três brasas do fogo e põem-se numa chávena com 2 colheres de açúcar até este derreter; de seguida retiram-se as brasas, põe-se água a ferver, tapa-se um pouco e está pronto a beber.

Também se fazia chá de cebola: cozia-se a cebola com um pouco de água, depois coava-se e bebia-se.

Para a picada de abelha

Quando somos picados por uma abelha, urina-se logo em  cima da picadela; para além de aliviar a dor, o inchaço é bem menor.

Informação cedida por: Estela Nunes Santos, de 81 anos, residente em Bico Alto, S. Brás de Alportel.


Poemas

O texto poético é um texto no qual o sujeito poético revela os seus sentimentos, as suas emoções e a sua visão do mundo. É um texto pessoal e subjectivo, rico, quer ao nível dos sons, quer ao nível dos significados. O texto poético caracteriza-se pela utilização de figuras de estilo e o verso e a estrofe são as formas privilegiadas da poesia.

Os poemas podem ser épicos, líricos. Os líricos podem ser muito curtos, podendo querer apenas retratar um momento, um instante emocional. O poema é um sentimento revelado em belas palavras que atingem a alma.



Poemas alusivos ao Concelho de São Brás
                      Vinte e sete rapazes de S. Brás
                      Estiveram em minha companhia
                      Todos juraram bandeira
                      No quatro da infantaria

Do Corotelo, José Luís Guerreiro
Francisco Sancho, sambrasense
Júlio Nunes também pertence
Ao mesmo sítio do primeiro
Manuel Louro bom companheiro
Passou o seu tempo em paz
José Eusébio esse rapaz
Um amigo sem fingimento
Serviram no mesmo regimento
Vinte e sete rapazes de S. Brás

Américo e Alvino Tomé
Ambos são do Alportel
Luís Viegas amigo fiel
Da Gralheira Joaquim José
Francisco Carrusca também é
Um amigo com simpatia
José Andrade sem fantasia
Nunca assentou praça em Lagos
Mas quando foram convocados
Estiveram em minha companhia

José Afonso, de S. Romão
António Guerreiro e Martinho
Manuel António bom vizinho
Os três da Mesquita são
António Brás para cozer feijão
Cipriano para a brincadeira
Vieram da mesma maneira
Vitor Costa e Manuel Joaquim
Militares iguais a mim
Todos juram bandeira

Francisco Martins, de Juncais
Da Mesquita Manuel Gregório
António Costa e Helidório
Também são amigos leais
Caetano, Abel, Tomé pontuais
Pertencem à mesma freguesia
Abílio Andrade o mais rufia
Manuel Andrade de boa raça
Todos eles assentaram praça
No quatro da infantaria

(ROSA, João Beatriz: pág. 23, 1995)


                        Eu já cantei em S. Brás
                        Em Faro cantei também
                        Silves não deixei atrás
                        Cantei em Lagos e mais além


Nos Machados comecei
A cantar pela vez primeira
Até na Calçada e Gralheira
Meu reportório já mostrei
Nos Vilarinhos alcancei
Bons valores em boa paz
Em S. Romão fui ás
No Corotelo cantei bastante
Levando este vício avante
Eu já cantei em S. Brás 

Já cantei no Tesoureiro
Farrobo, Mealhas e Barracha
Cantei na Mesquita Baixa 
No Peral e no Azinheiro
Em Estoi um dia inteiro
Cantigas fiz mais de cem
Na Amendoeira e Monte Trigo
Cantei nestes Sítios que digo
Em Faro cantei também

(ROSA, João Beatriz: pág. 31, 1995)


                        A Equipa dos Machados
                        Em Santa Bárbara brilhou
                        Com equipas de muitos lados
                        O primeiro lugar conquistou


Equipa bem preparada
Que mostrou o seu valor
Assim pôs logo um corredor
A largar a sapatada
Ganhou vantagem elevada
Esses valores lhe são dados
Até os melhores preparados
Caminhavam sempre à frente
Nesse ponto foi valente
A equipa dos Machados

Aqueles que acompanharam
Esse belo panorama
Não deixem de dar fama
Às equipas que ganharam
Esses que atrás ficaram
A força não os ajudou 
A nossa equipa trabalhou 
Para chegar ao lugar primeiro 
Esse Emanuel Pinheiro
Em Santa Bárbara brilhou

(ROSA, João Beatriz: pág. 86, 1995) 


                        Os Machados têm ciclistas,
                        Um bom número, bom sortido
                        Têm dado muito nas vistas
                        Em provas que têm corrido


Está escrito, está apontado
O valor desses rapazes
Porque têm sido capazes
De correr em qualquer lado
Seu valor têm mostrado
Nas estradas e pista 
Não são grandes especialistas 
Mas mostram aquilo que são
Com um pouco de opinião
Os Machados têm ciclista

Já ganharam em Loulé
Em Santa Bárbara também
No Coiro da Burra porém
Foi uma corrida com fé
Ainda houve qualquer banzé
Por esse prémio merecido
O júri esteve reunido
A certos ditos não ligou
Viu que Machados apresentou
Viu bom número, bom sortido

Têm feito um bom lugar
Como muita gente ignora
Mas a nossa equipa agora
Muito tem dado que falar
Têm homens para aguentar
E outros que são repentista
Por isso algumas conquistas
Aos Machados vêm parar
Nosso homens a pedalar
Têm dado muito nas vistas

Com qualquer prémio ou taça
Ninguém chega a enriquecer
E para um clube se manter
É preciso muita massa
Se não houver alguém que faça
Uma festa ou um pedido
Decerto já tinham morrido
Os ciclistas amadores
Mas todos monstram valores
Em provas que têm corrido

(ROSA, João Beatriz: pág. 87, 1995)



                        Temos um novo Presidente
                        No concelho de S. Brás
                        O que prometeu a muita gente
                        De fazer deve ser capaz


Pelo povo foi eleito
Porque mereceu simpatia
Cá na nossa freguesia
O pessoal está satisfeito
Que conserve no seu peito
Esse desejo tão ardente
E que seja competente
Por aquilo que prometeu
Como as eleições venceu
Temos um novo Presidente

Durante o seu mandado
Bem e mal tem que conhecer
Mas parece que é um dever
Em ser puro e ser exacto
E não olhar só para o fato
Daquele que nada faz
Ser competente e audaz
Porque esse valor lhe deram
Deve fazer o que não fizeram
No concelho de S. Brás

O povo está a vosso lado
Conhecendo as dificuldades
Mas olhe para as necessidades
Sempre com gosto e agrado
Assim será elogiado
E merecedor felizmente
Qualquer um coração sente
Se a promessa for cumprida
Tem que ser feito em vida
O que prometeu a muita gente

Que a sorte lhe corra bem
É tudo o quanto desejo
Quando junto de mim o vejo
Estimo como estimo alguém
O valor dá-se a quem tem
Sem deixar alguém atrás
Sempre em harmonia e paz
Os meus valores eu lhe dou
O que nos comícios apresentou
De fazer deve ser capaz

(ROSA, João Beatriz: pág. 111, 1995)


                        Machados o sítio meu
                        Devia de se orgulhar
                        Por saber que cá nasceu
                        Um poeta popular


No meu sítio não vejo acção
A elogiar este poeta
Se há gente pura e concreta
Porque não tem essa visão
Vai ficando na escuridão
Este dom que Deus me deu
Talvez por sorte apareceu
Nesta pobre cabecinha
Desconhece a obra minha
Machados o sítio meu

Em festas que foram feitas
Em cantos e coisas mais
Eu tenho provas reais
Concretas e bem aceites
Como poeta às direitas
Também tenho o meu lugar
Sem vaidade posso afirmar
Que a razão às vezes vence
Esse pessoal machadense
Devia de se orgulhar

Nem todos os sítios podem mostrar
Poetas desta natureza
Mas Machados com certeza
Essas provas podem dar
O meu sítio deve estar
Confiante num filho seu
Pelo meu livro peço eu
Que seja um dia divulgado
Machados fica animado
Por saber que cá nasceu

São glórias são valores
Que a providência dotou
Deste dom que me calhou
Muitos são desconhecedores
Por isso digo meus senhores
Que não devem ignorar
Este dom pode calhar
A gente que mal sabe ler
Aqui está a responder
Um poeta popular

(ROSA, João Beatriz: pág. 118, 1995)


                        Poemas Diversos


Ao pessoal dos Parizes
Esta quadra quis fazer
Desejo que sejam felizes
E eu com saúde os vá ver

(ROSA, João Beatriz: pág. 90, 1995)


Para cantar uma cantiga
Já sabem que eu sou capaz
Foi sempre uma malta antiga
A rapariga de S. Brás

(ROSA, João Beatriz: pág. 24, 1995)


Neste palco onde estou
Bastante tenho cantado
Na Bordeira eu sei que sou
Neste dia muito estimado

(ROSA, João Beatriz: pág. 62, 1995)


A rapariga de S. Brás
Sempre têm sido amiguinhos
Juntaram-se mais uma vez
Na venda a beber copinhos

(ROSA, João Beatriz: pág. 24, 1995)



Bordeira eu sei quem tu és
Um sítio de tradições
Quando aqui ponho os pés
Faço alegrar os corações

(ROSA, João Beatriz: pág. 62, 1995)



Para o jornal Sambrasense
Meus versos gosto de mandar
Porque também me pertence
Na poesia eu colaborar

(ROSA, João Beatriz: pág. 93, 1995)


Canção de baile recolhida junto das "gentes" de São Brás de Alportel

Se queres casar

Se queres casar
Anda meu amor
À fonte comigo
Que eu peço ao senhor
Para casar contigo
Verás se é ou não
Como eu digo
Fomos os dois
Campos a fora
Para a senhora da hora
Sem bailar não ficas
Assim que a hora desponte
Vamos beber água à fonte
À fonte das sete bicas
Tão linda como tónicas
Quando vás comigo à fonte
Já depois de casados
Iremos agradecer
À fonte das sete bicas

Recolha feita em Pero de Amigos
Maria José Carmo Martins tem 73 anos
Recolha feita por Lisdália Pereira

QUADRAS

Tenho 23 amores
Contigo são 24
A todos digo que não
Só a ti amor não falto.
Meu amor não vivas triste
Que este mundo é todo teu
Tu és muito mais bonito
Que a camela que morreu.


Ó meu amor de algum dia
Ainda hoje o podias ser
Agradece à tua cabeça
Que te deitou a perder.

Algum dia para te ver
Pulava os sete quintais
Agora para não te ver
Pulo os sete e outros mais.

Castelo de Beja é alto
Mais alto tens as janelas
Tás-me amar mangando
E eu tou-te amar deveras.

Teu sentido é belante
E a tua cabeça como o vento
Tua ideia muda
A toda a hora a todo o momento.

Se queres saber do acaso
Procura ocasião
Não vás à minha casa
Que eu terei razão.

Esses teus olhos pretos
Brilhando na primavera
Eu gostava de saber
O teu amor para quem era.

Montinho de Perdamigos
Já me vai caindo em graça
Tem uma fonte no caminho
Para dar água a quem passa.

Ó figueira dá-me um figo
Ó figueira dá-me um pedaço
Ó menina dá-me um beijo
Que eu te darei um abraço.

À roda duma figueira
Dei um beijo por brincadeira
Agora não há maneira
De me esquecer de você.
Recolha feita em Pero de Amigos
Maria José Carmo Martins tem 73 anos
Recolha feita por Lisdália Pereira

Poemas recolhidos no Lar da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel
Foi uma velha cigana
Que à minha porta bateu
Antra o conde a sina leu

No fim da outra semana
O que disse a gitana
Gosta de mim Albina
Há-de haver uma Silvina

Desejando andar na frente
Um dia muito contente
Mandei ler a minha sina

Dá-me em ir para o estrangeiro
Passado anos de ser feliz
Voltar para o meu país
Com fama de ter dinheiro

Regresso sendo solteiro
Faltam três para quarenta
Quando a noiva me apoquenta
É que o pai faz a doação
Será certo o meu condão
Treze anos até cinquenta


Moncarapacho e Fuseta

Vem do fim da vila
Visitar o arvoredo
Não prendas os cães
Que eu cá não tenho medo.

Moncarapacho e Fuzeta
Marim, Quelfes e Olhão
Na primavera das flores
De cavacos até Pechão


Alegremente a cantar
Sempre a vós quero dizer
Oiço as ondas do mar bater
E vejo a linda borboleta
E vejo o amigo Manuel Andrade
Da Fuzeta


Uma vez uma velhinha

Uma vez uma velinha
Quase cega coitadinha

Já mal podia andar
Ouviu um cão que ladrou
Pobrezinha parou

Olhando em redor assustada
Quis fugir não conseguiu
Pobrezinha coitada

Nisto surgiu uma menina
Viva e formosa ladina

E ao vê-la cair no chão
Correu logo poderosa
Condoída e carinhosa
E à velhinha deu a mão

Ela levanta a vozinha
O que lhe dói o que tem
Diga lá que eu vou buscar
Qualquer coisa para curar

Vou pedir à minha mãe
Não é nada meu amor
Tu és um anjo uma flor
Ajuda-me só a andar

Deus pague a tua bondade
Com muita felicidade
Disse a velhinha a chorar.

A minha mãe pra me ver casada
Prometeu-me duas das ovelhas
Uma coxa e outra mansa
E outra cega sem orelhas.

Antónia Maria Pereira, tem 96 anos e é de Cachopo
Recolha feita por Lisdália Pereira
 

Receitas Típicas do Concelho de São Brás de Alportel


Bolo de Noz

Ingredientes:
100g de manteiga amolecida
170g de açúcar
6 ovos
280g de farinha
1 colher de (chá) de fermento em pó
150g de miolo de noz grosseiramente picado
Raspa de meio limão
Açúcar em pó, metades de noz q.b.
Confecção:
Unte uma forma com manteiga e enfarinhe-a. Ligue o forno a 170º.
De seguida, misture a manteiga com o açúcar, seguidos das gemas. Mexa até homogeneizar, levante então as claras em castelo bem firme. À parte, peneire a farinha com o fermento e envolva-lhes as nozes e a raspa de limão. Junte, alternadamente, as claras e a mistura de farinha ao creme de ovos e verta para a forma. Leve ao forno durante 35 minutos. Desenforme morno, polvilhe com açúcar em pó e decore com metades de nozes.


Bolo de Castanhas

Ingredientes:
0,5 kg de castanhas em calda
3,5 dl de natas liquidas
4 ovos
2 colheres (sopa) de farinha maizena
1 colher (sopa) de fermento em pó
2 colheres (sopa) de açúcar
Uma pitada de sal fino
Confecção:
Triture as castanhas com metade da calda e bata-as com as natas geladas, os ovos, o açúcar, a maizena  misturada com o fermento e o sal até conseguir obter uma massa esponjosa.
Unte com manteiga uma forma de ir ao forno com formato de estrela, enfarinhe-a e encha-a com o creme preparado anteriormente, até três quartos. Leve a forma ao forno, pré aquecido a 175º durante 45 a 50 minutos ou até que, ao picar o bolo no centro, o palito saia limpo. Se subir no centro depressa demais, baixe a temperatura.
Se subir muito depressa nas extremidades aumente a temperatura.


Bolinhos de Amêndoa Algarvios

Ingredientes:
300g de açúcar
250g amêndoa ralada na picadora
1 mão cheia de farinha
2 claras de ovo
Confecção:
Mistura-se o açúcar com a amêndoa e a farinha, deitam-se as claras. Se a massa ficar muito dura,junta-se mais outra clara ou apenas meia. Os bolos irão ao forno em tabuleiros untados com manteiga e polvilhados com farinha. Podem levar em cima uma amêndoa ou gema de ovo a gosto. Tendem-se com farinha.


Esquecidos

Ingredientes:
6 ovos
500g de açúcar
500g de farinha
1 colher de (chá) de fermento em pó
Confecção:
Batem-se muito bem os ovos inteiros, junta-se o açúcar e por último a farinha com o fermento. Vai ao forno em tabuleiros untados e polvilhados de farinha, deitando com 2 colheres de chá.


Meias Luas

Ingredientes:
1chávena de ovos
2 chávenas de açúcar
1chávena mal cheia de azeite
1colher de sobremesa de fermento em pó
Farinha q.b. até se poder tender
Confecção:
Amassa-se tudo, tende-se em formas de meias luas.


Raivas

Ingredientes:
250g de açúcar
250g de manteiga
Farinha q.b
4 Ovos e 1 clara
Confecção:
Bate-se o açúcar com os ovos, a manteiga derretida e a farinha, pouco a pouco, até a massa estar em consistência de tender bolinhos. Vai ao forno em tabuleiros untados com margarina e polvilhados com farinha.
Forno regular.

Obs: A diferença desta receita das outras é que não leva canela.


Toucinho-do-céu

Ingredientes:
500g de açúcar
6 ovos
3 claras
250g amêndoa pelada, pisada
100g de farinha
Confecção:
Dissolve-se o açúcar em água e leva-se a ponto de espanada. Tira-se do lume e junta-se a amêndoa. Vai ao lume a levantar a fervura. Tira-se novamente e deixa-se arrefecer. Junta-se as gemas com as claras e a farinha, mexendo cuidadosamente.
Leva-se novamente ao lume brando, por pouco tempo. Unta-se a forma com a manteiga.
Polvilha-se com farinha e leva-se ao forno a cozer.

Obs: A diferença desta receita das outras é que não leva gila.


Queijinho do Céu

Ingredientes:
250g de açúcar
250g de amêndoa (bem ralada)
Recheio:
100g de açúcar
4 gemas de ovos
Confecção:
Leva-se o açúcar a ponto de rebuçado. Deita-se a amêndoa e quando estiver consistente, tira-se do lume e deixa-se arrefecer.
O recheio faz-se com 100g de açúcar que também se leva ao lume a fazer ponto de bola.
Deixa-se arrefecer e junta-se as gemas. Volta ao lume até estar na consistência desejada. Fazem-se os queijinhos com uma forma e recheia-se.

Obs: A diferença desta receita das outras é que este doce leva recheio.


Beijo da Preta

Ingredientes:
100g açúcar
100g chocolate
Confecção:
Leva-se o açúcar a ponto de pérola, junta-se a amêndoa pelada e moída e o chocolate moído.
Deixa-se ferver um pouco. Depois de frio, fazem-se umas bolinhas que se envolvem com açúcar pilé. Põem-me em caixas de papel frisado ou em pratos.

Obs: A diferença desta receita das outras é que não leva leite condensado.


Biscoitos de Manteiga

Ingredientes:
300g de farinha
125g de açúcar
125g de manteiga
2 gemas e uma clara 
Confecção:
Amassa-se tudo junto e fazem-se os biscoitos, que se põem em tabuleiro não untado. Cozem-se em forno quente.

Obs: A diferença desta receita das outras é que esta leva ovos.


Bolo de Cerveja sem Ovos

Ingredientes:
500g de farinha
500g de açúcar
250g de manteiga
Um pouco de noz-moscada ralada
1 cálice de vinho do Porto
1 cerveja preta
Raspa de limão
2 colheres de chá de fermento e de canela em pó
Passas e nozes moídas a gosto
Confecção:
Bate-se a manteiga derretida com açúcar, junta-se os outros ingredientes secos e em seguida o vinho e a cerveja. À parte mistura-se a canela e o fermento com a farinha, que se junta às restantes.
Bate-se muito bem, deita-se em forma untada de manteiga.

Obs: Há pouca informação sobre este doce, pois é invulgar.


Biscoitos de S. Martinho

Ingredientes:
200g de açúcar
125g de banha
1 colher (sopa) de mel
1 colher (café) de canela
1 colher (café) de erva-doce
Raspa de meio limão
Uma pitada de sal
2 gemas
150g de farinha de milho
150g de farinha de trigo
Banha e farinha para untar e polvilhar a forma.
Confecção:
Unte com banha os tabuleiros e polvilhe-os com farinha. Amasse todos os ingredientes, começando pelo açúcar e a banha. Molde depois pequenas bolinhas, achate-as e coloque-as nos tabuleiros, separadas umas das outras, leve a cozer em forno bastante quente até alourarem. Retire depois e descole-as de imediato. 

Obs: A diferença desta receita das outras é que esta receita não leva levedo de cerveja e sementes de anis.


Queijadas de Coco

Ingredientes:
250g de açúcar
250g de coco ralado
1 colher de sopa de farinha
1 colher de chá de fermento
5 ovos


Confecção:
Mistura-se todos os ingredientes sem trabalhar muito a massa. Untam-se as formas de queques com manteiga, deita-se a massa dentro das formas e leva-se a cozer em forno de calor regular.

Obs: A diferença desta receita das outras é que esta não leva leite de coco nem maisena.


Biscoitos de Limão

Bate-se 4 gemas com 250g de açúcar e a casca de limão. Junta-se-lhe 4 claras em castelo e em seguida 600g de farinha. Amassa-se tudo levemente. Fazem-se os biscoitos, polvilham-se com açúcar e levam-se a cozer em tabuleiros untados de azeite, polvilhados com farinha. Forno regular.


Rabanadas

Ingredientes:
1 pão
½ litros de leite
4 ovos
Açúcar e canela
Confecção:
Passe as fatias de pão por leite e depois por ovos batidos. Frite-as e escorra-as. Coloque as rabanadas numa travessa e polvilhe-as com açúcar e canela.

Obs: A diferença desta receita das outras é que não leva manteiga, nem mel, nem cálice de vinho do Porto.


Filhós

Ingredientes:
3 ovos
6 laranjas
50g de manteiga
75g de banha
125g de açúcar
0,5dl de aguardente
Farinha
Confecção:
Misture bem os três ovos inteiros, sumo das três laranjas, 50g. de manteiga derretida, 75g de banha, 125g de açúcar, 0,5dl de aguardente, casca de 1 limão e um pouco de canela.
Depois junte a farinha suficiente para poder estender. Sove a massa. Deixe-a descansar durante algumas horas. Estenda a massa sobre a pedra polvilhada com farinha. Corte a massa com o feitio desejado e frite de seguida, depois polvilha com o açúcar e canela.


Sonhos

Ingredientes:
30g de açúcar
4dl de água
200g de farinha
50g de farinha maizena
4 ovos
1 casca de limão
Sal q.b
Confecção:
Numa caçarola põe-se a água, a manteiga, o açúcar, a casca de limão e umas pedrinhas de sal, leva-se ao lume e quando levantar fervura tira-se a casca de limão e deita-se a farinha, mexe-se rapidamente com uma colher de pau. Tira-se do lume, faz-se uma bola e deita-se num alguidar continuando a mexer com a colher de pau até arrefecer.
Vai-se deitando os ovos um a um , trabalha-se bem a massa com as mãos para ficar bem ligada. Depois de bem amassada, deitam-se colheres de massa para um tachinho que deve estar ao lume com óleo a ferver. Conforme os sonhos vão alourando e fofando vão-se picando para não rebentarem. Devem ficar lourinhos. Polvilham-se ainda quentes com açúcar e canela.


Bolo de Gila e Amêndoa

Ingredientes:
8 ovos
0,5kg de açúcar
0,5kg de amêndoa pelada e ralada
0,5kg de gila
½ colher de sopa farinha
Confecção:
Bate-se o açúcar com as gemas, junta-se a amêndoa e a gila, batendo sempre. Junta-se as claras, batidas em castelo. Por fim, deita-se a farinha. Deve-se desfiar a gila e bater bem, para ficarem bem ligadas. Vai ao forno, em forma untada e forrada com papel vegetal, e polvilhada com farinha.


Bolo de Figo

Ingredientes:
300g fico cortado
300g amêndoa (miolo)
250g chocolate
300g açúcar
0,5dl água
Confecção:
Pelam-se as amêndoas, torram-se e passam-se pela máquina picadora, passam-se os bocados de figo. Leva-se o açúcar ao lume, com água, até obter ponto de posta. Tira-se do lume e junta-se o chocolate, o figo e as amêndoas. Mistura-se bem e molda-se o bolo. Deixa-se secar 1 ou 2 dias.

Obs: A diferença desta receita das outras é que esta receita leva chocolate e não leva manteiga, nem laranja nem limão e nem pão ralado.
Maria José (dos bolos)


Amêndoas Tenras

Primeiro as amêndoas são torradas no forno. Depois são postas em grandes tachos, aí as amêndoas são regadas com a calda de açúcar, sendo sempre mexidas de trás para a frente, até ficarem totalmente cobertas com a doce carapaça branca. O "bater" das amêndoas é que requer paciência, mas os pinhões é que são piores de fazer, porque são pequenos e agarram-se uns aos outros. Na junção da amêndoa com o açúcar, nesse primeiro contacto, reside o segredo destas amêndoas. Que não é revelado a ninguém.

Livro: Páscoa no Algarve, procissão das tochas floridas, pág. 300
Edição: Casa da Cultura António Bentes


Folar tipico de S. Brás de Alportel

Ingredientes:
1k de massa de pão
1k de açúcar
4 a 5 ovos
Meio pacote de margarina
2 colheres de azeite ou banha
Chá de erva-doce
Canela
Raspa de limão

Confecção:

Bater tudo junto. Unta-se as formas com a margarina, despeja-se a massa até meio da forma, coloca-se um ovo em cima da massa e vai ao forno durante 1 hora. Retira-se do forno e desforma-se a quente.
Eduarda Viegas

Pudim de água
Ingredientes
12 gemas
450g de açúcar
1 chávena de café de água
1 chávena de chá para o caramelo

Confecção:
Mistura-se bem as gemas com o açúcar, sem bater. Adicionar a água fria e mexe-se de modo a obter um preparado homogéneo. Numa forma de pudim, com chaminé e tampa, barrada com caramelo, deita-se dentro o preparado e leva-se a cozer, tapado em banho maria sobre o lume brando durante 1 hora e meia a 2 horas. Verifica-se a cozedura espetando um palito no pudim, estando cozido o palito sai seco. Depois de frio deforma-se o pudim. Na panela de pressão este pudim leva apenas 20min a cozer.

Ricardo Bernardo

Folclore

Pequeno historial do rancho típico Sambrasense
Este agrupamento surgiu no concelho de S. Brás de Alportel em 15 de Outubro de 1993, por iniciativa de um grupo de entusiastas do folclore. A nível musical, o seu reportório é composto por corridinhos, bailes de roda, entre eles o baile da roda e o baile mandado, os cantos a despique e os balsos. Relativamente aos trajes apresentados, estes referem as décadas deste século no barrocal e a serra de S. Brás: a tecedeira, o caçador, a fiadeira, a «parelha» de corticeiros, o ferrador, o albardeiro, o grupo de ceifeiros, a caiadeira, o aguadeiro, a padeira, as meninas da fonte e os lavradores. Entre as várias canções que constituem o seu reportório, destacam-se algumas com origem em São Brás.

A ROLINHA

E a rolinha chora chora
que lhe roubaram o ninho
pr´ó que fazias tua rola
tanto à beira do caminho


Tanto à beira do caminho
tanto à beira do valado
E a rolinha chora, chora,
Roubaram-lho namorado


E a perdiz canta na relva
E o perdigão na valado
E a perdiz anda dizendo
Hás-de ser meu namorado


E hás-de ser meu namorado,
E assim tu queiras ou não
Se me fizeres o gosto,
Eu dou-te o meu coração


Olha ó Sidónio

Olha ó Sidónio,
Está vestido à militar
Abre as portas ó Maria
Que o Sidónio quer entrar

Dizem que o Sidónio
Anda numa atacadura
Por um vintém leva o bicho
E o careca sempre fura

Olha ó beijinho
Que atrás da porta te dei
Foi tão delicadinho
Que gritaste aqui d`el rei.

Olha ó beijinho
Que atrás da porta te dei,
Foi tão delicadinho
 Que gritaste aqui d´el rei

E sempre fura,
Sempre fura o carequinha
E sempre fura,
Sempre o carequinha

Mete a cabeça na lona,
De manhã e à noitinha
Mete a cabeça na lona,
De manhã à noitinha

Olha ó beijinho
Que atrás da porta te dei,
 Foi tão delicadinho
Que gritaste aqui d´el rei.


RANCHO TÍPICO SAMBRASENSE


Recolhas de São Brás de Alportel

PASPALHÃO  (baile de roda)

Roubaram, roubaram
Quem não roubaria
Uma pequena bela
Chamada Maria.

Uma pequena bela
Chamada Maria.

Chamada Maria
Maria da Conceição
Quem não rouba o par
Fica paspalhão.

Quem não rouba o par
Fica paspalhão.

Em ser paspalhão
Nem a todos diz bem
Naquela menina
Melhor que ninguém.

Naquela menina
Melhor que ninguém.

Melhor que ninguém
Meu amor agora, agora
Eu sei mas não digo
Quem ela namora.


Eu sei mas não digo
Quem ela namora.

Quem ela namora
Quem ela namorou
Ainda ontem à noite
A mão lhe apertou.

Ainda ontem à noite
A mão lhe apertou.

A mão lhe apertou
E a mão lhe apertaria
E adeus meu amor
Saudinha até um dia!

E adeus meu amor
Saudinha até um dia!

VIVA QUEM AQUI CHEGOU
 (canção de boas vindas)

Viva quem aqui chegou
E eu não vi chegar ninguém

E chegaram os olhos pretos,
Namorados de alguém.

Inda agora eu reparei
Quem andava no terreiro.

E ando cravo e andá rosai,
Ando ramalhete inteiro.

E hei-de-me casar este ano,
Que este ano há muito milho.

E o meu sogro dá-me um moio,
Dá-me um paspalhão de filho.

Oh que lindos olhos para namorare,
Ó para casare e ó de sim ou não.


Já cá vai roubado, já cá vai na mão,
Já cá vai metido, no meu coração.

Olha ó beijinho
Que atrás da porta te dei,
Foi tão delicadinho
Que gritaste aqui d’el rei.


ANDA CÁ SE QUERES ÁGUA

Canção de carácter singelo - canto à capela -
Amorosa / de namoro, entoada pelos rapazes de S. Brás, que ficavam, de longe, a contemplar as meninas que iam à fonte buscar água.

Anda cá se queres água
Raquitum Raquitum Tum Tum,
Os meus olhos te darão,
Olé Olé Ó Tirolé Té Té             O Tirolé Té Té

Ela é pouca mas é clara
Raquitum Raquitum Tum Tum
Nascida do coração,
Olé Olé Ó Tirolé Té Té            Ó Tirolé Té Té

Anda cá amor não fujas,
Raquitum Raquitum Tum Tum
Que eu não como gente viva,
Olé Olé Ó Tirolé Té Té            Ó Tirolé Té Té

Se não me queres amor,
Raquitum Raquitum Tum Tum
Vai-te com Deus que te obriga,
Olé Olé Ó Tirolé Té Té            Ó Tirolé Té Té

4 comentários:

  1. É como enorme agrado que vos dou os Parabens pela inauguração do vosso Blog. Com imensas curiosidades que lemos com agrado. Felicidades e que não fique por aqui, pois algo que diginfica S Brás de Alportel merece ser bem sucedido e partilhado. Mais uma vez PaRaBeNs!
    Ana Rita

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  2. Fiquei com vontade de vos convidar (e desafiar) a irem à Âncora... para levarem os nossos idosos a uma visita (virtual) guiada a S. Brás de Aportel!
    Pensem com carinho!

    Um sorriso, Luísa

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  3. goetei muito do vosso blog, está muito giro. E o filme do final é uma delicia.

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